domingo, 30 de maio de 2010

A Colônia Agrícola Nacional de Dourados - CAND

       O declínio da atividade ervateira através da Companhia Mate Laranjeira se deu a partir década de 1930, influenciado pela autossuficiência da Argentina na produção do produto e com isso não precisando mais importá-lo.
        Em 1943 é dada a cartada final para a total extinção da Companhia Mate Laranjeira, com a criação da CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados), que viria a ser implantada no ano seguinte. Através dessa política do Governo Vargas foi possível a abertura da fronteira agrícola para  um  grande  contingente  de  migrantes,  atraídos  por  essa  política  adotada  pelo  Estado,  que visava  modificar  o  papel  desempenhado  pelo  sul  do  então  estado  de  Mato  Grosso,  na  divisão territorial do trabalho.
      A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) foi criada então na preocupação do governo de povoar o país, com a intenção e de certa forma uma preocupação de se produzir mais, e concomitantemente  assegurar a nacionalização das fronteiras , sendo assim, a origem da produção camponesa. 
     Desta forma, foi a partir de 1943 no governo de Getúlio Vargas, permitiu a recriação do camponês através da distribuição gratuita de lotes de 30 ha a colonos, com a chamada  campanha “marcha para Oeste”. 
        Além  d doação  d terras   governo  federal  ofereceu  també algun subsídio para estimular a produção agrícola entre os colonos. A CAND fez com que a região atraísse um forte fluxo  migratório  po vários  anos,  principalment da  região  Nordeste,  isto  graças  à  demora  na demarcação da área destinada ao assentamento de trabalhadores rurais na região de Dourados, e fortpropaganda feitpelo Governo federal. 
     A seguir algumas algumas imagens que mostram além da abrangência da área algumas fotos da região na época da década de 1950. Já é possível notar claramente o desmatamento em uma das imagens e a presença de trabalhadores.
    Essas fotos estão disponíveis no Cento de Documentação Regional (CDR) da UFGD.  O CDR vem colecionando, desde então, material documental e bibliográfico referente, especificamente, aos estudos regionais. O CDR desstina-se, prioritariamente, a apoiar as atividades de ensino e pesquisa, em nível de graduação e pós-graduação, dos diversos cursos da FCH. Além disso, atende também a pesquisadores docentes e discentes de outras unidades da UFGD, bem como de outras instituições, e ao público interessado em geral.

     O desmatamento se faz presente na região para se fazer o povoamento e a produção agrícola.
   Na foto a seguir a presença de autoridades na região.

Uma noção de como era a paisagem da região na época da criação da CAND.

Um trabalhador em uma plantação de cana-de-açucar.

Uma foto de um dos primeiros casamentos realizados na nova colônia agrícola.


sábado, 29 de maio de 2010

A Companhia Mate Laranjeira no atual Mato Grosso Do Sul

É preciso ressaltar que a parte sul do atual Mato Grosso do Sul fazia parte de uma vasta área correspondente à porção central da Bacia Platina, onde se encontrava em abundância a árvore da erva-mate.
As primeiras atividades econômicas praticadas no território sul-mato-grossense estavam relacionadas com a pecuária e com a exploração da erva-mate e que as mesmas ocorreram em aproveitamento de recursos naturais disponíveis.

                O hábito de usar as folhas dessa árvore como bebida já eram estabelecidas entre as populações nativas que ali viviam, os índios.

O hábito de consumir a bebida das folhas da erva mate passa a se estabelecer entre os conquistadores europeus que chegaram a região e com isso inicia-se um mercado consumidor, inicialmente abastecido pela produção do Paraguai, e mais tarde no século XIX também pela produção brasileira.



A efetiva exploração inicia-se a partir do momento em que o produto começa a escoar pelo Rio Paraguai através da abertura de navegação brasileira na década de 1850 quando a região ganhou fácil acesso ao principal consumidor do produto que era a Argentina.
As primeiras concessões de terras para a exploração se deram nos anos de 1882, para um empresário chamado Tomás de Laranjeira. Esse período foi logo após a guerra do Paraguai.
Na década de 1890, o estado de Mato Grosso passou a ter uma de suas atividades econômicas mais lucrativas, considerando a exploração da Erva mate.
A Companhia Matte Laranjeira obteve a maior área arrendada, tendo ultrapassado os 5.000.000 ha, tornando-se um dos maiores arrendamentos de terras em todo o Brasil para um grupo particular.
A empresa chegou a mobilizar milhares de trabalhadores, dentre os quais a maioria era constituída pelos mineros, ou seja, aqueles empregados que trabalhavam na coleta da erva, constituídos por índios e em sua maioria por paraguaios, que migravam ou eram recrutados do interior do Paraguai.




O declínio da atividade ervateira se deu a partir década de 1930, influenciado pela autossuficiência da Argentina na produção do produto e com isso não precisando mais importá-lo e também pela criação da politica de povoamento “Marcha para o Oeste” do governo Vargas.
Com o final do “ciclo” da erva mate, o cultivo de outros produtos ganha impulso na região fronteiriça: café, maconha, açúcar, madeira, agricultura e criação mecanizada de gado.



Tanto no Paraguai como no Brasil, as grandes empresas de exploração de recursos naturais como no caso da erva-mate, instaladas dentro do território sul matogrossense, apesar da eventual exploração da mão-de-obra indígena e paraguaia, acabam sendo fator de resguardo de grande parte deste mesmo território, por impedirem a instalação de outros projetos de colonização, que poriam em risco seu monopólio. A atuação destas empresas, pelo fato de não terem um “projeto civilizatório teve um impacto menos destruidor sobre estas comunidades.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Breve histórico da disputa de Terra no Mato Grosso do Sul


   A disputa por terra no Mato Grosso do Sul já se iniciou com Portugal e Espanha tentado deslocar seus domínios de Terra além de Tordesilhas. Domingos Irala então chega ao governo de Assunción e faz expedições para fundação de núcleos estratégicos para obstruir e retirar o controle dos bandeirantes vindos de São Paulo do Rio da Prata. Nesse processo de ocupação dar-se destaque especial aos jesuítas com afixação de aldeamento indígenas. Destaca-se a atividade ervateira que foi explorada por jesuítas e autoridades espanholas. Mas as colônias montadas pelos espanhóis foram atacadas pelos bandeirantes que estavam à procura de escravos que estavam com altos preços vindos de outros mercados. 

  Depois disso houve acordos entre Portugal e Espanha que facilitavam a entrada de portugueses no território espanhol. Também aconteceram vários acordos devido as invasões de territórios de ambas as partes. As colônias eram de suma importância para assegurar o direito de posse das terras. Assim foi criado a Praça de Nossa Senhora dos Prazeres do Rio Iguatemi, colônia esta que foi atacada e destruída em 1777. 

  Em 1815 o Paraguai se torna independente do vice-reino da Prata e desenvolve suas forças produtivas, como a pecuária, e militares. Adota-se uma política de isolamento. Desenvolve-se também construção de ferrovia e tem-se o monopólio da navegação. 

  Mas em chega ao governo do Paraguai Carlos Antonio Lopes e abandona a política de isolamento e tenta expandir as fronteiras para se conseguir mais vias fluviais de exportação. Apoiada pelos Ingleses a tríplice aliança, Brasil, Uruguai e Argentina entram em guerra com o PY para impedir a invasão. 

  Durante a guerra as terras do sul do Mato Grosso do Sul foram apropriadas por Martins Urbieta e depois adquiridas por Madame Elisa Lynch. Após a derrota do Paraguai Enrique Venancio Solano Lopes, filho de Elisa, requereu as terras, mas como eram terras devolutas e da nação foram negadas pelo Supremo Tribunal Federal. 

  Em 1901 os herdeiros do Barão de Antonina, que havia através do sertanista Fernando Lopes forjado escrituras das terras em nome de supostos posseiros, requereram as terras. O que foi feito e vendida a João Abbott, mas a demarcação foi impedida por moradores, posseiros, proprietários, políticos da região e etc. 

Após a proclamação da republica a política fundiária passa a ser coordenada pelos estados, dando poder para as oligarquias regionais. Assim burguesia mato-grossense estabelece a regulamentação da venda, arrendamento e doação de terras que beneficiam a concentração de terras nas mãos de poucos. Áreas menores eram doadas para colonos destinadas para agricultura e pecuária já, por exemplo, para a exploração da erva mate a área era gigantesca. 

  Existe assim um pequeno crescimento da pequena propriedade. No sul do MS a Cia Mate Laranjeira possui o monopólio das terras impedindo o desenvolvimento de pequenas propriedades. 

  A disputa entre o sul e o norte do então estado de Mato Grosso impediu o desenvolvimento da pequena propriedade no sul fazendo com que este tivesse menos povoamento e se desenvolvesse menos. 

  A empresa de exploração da erva mate, Mate Laranjeira, através do arrendamento das terras do estado tornou-se um grupo econômico poderoso sendo o principal credor do governo mato-grossense. Tinha poder de interferência nas questões políticas, econômicas e sociais do estado. 

  Através de informações sobre a disponibilidade de terras levadas pelos combatentes de guerra até o Rio Grande do Sul fez com que os rio-grandenses que já fugiam de perseguições políticas ocupassem o sul de Mato Grosso. A atração foi a produção ervateira e principalmente a pecuária. No território do sul encontravam oposição dos índios e da Mate Laranjeira que os consideram intrusos. Os rio-grandenses ao contrario dos paraguaios fixavam-se na terra e se apossavam desta. 

  Os planos de loteamento para exploração da erva mate em pequenas propriedades sempre eram impedidos pela Mata Laranjeira. 

  Para proteger seus interesses a Mate Laranjeira na renovação do arrendamento exigiu serie de pretensões o que negado pelo Assembléia. Somente através da lei 725 de 1915 foi colocado fim ao monopólio da exploração da erva mate. Assim os pequenos posseiros tiveram vantagem no arrendamento da terra mas a empresa monopolista ainda saiu vantajosa pois manteve o domínio do processo de compra e transporte da produção. Assim os pequenos proprietários ainda ficaram subjugados. 

  Além da Mate Laranjeira varias outras empresas legadas ao capital financeiro se organizaram na exploração de áreas de terra para a pratica da pecuária intensificando o processo de concentração de terras em Mato Grosso do Sul. 

  Na segunda metade do sec. XIX o território sul-mato-grossense passa a ter como atividade principal a criação de gado com expansão das fazendas. Outras formas de atividades foram sufocadas não conseguindo competir com outros monopólios de outras regiões. A indústria do charque de Mato Grosso não resistiu aos frigoríficos em São Paulo. 

  A partir de 1915 o grande capital ira promover um melhoramento no rebanho do Estado com criação de outras raças. Em 1925 é construída a estrada de ferro Noroeste do Brasil, responsável pelo golpe fatal na indústria de charque, é também responsável pelo barateamento do transporte de gado o que privilegia as indústrias monopolistas de São Paulo. A ferrovia foi financiada por capitalistas belgas e franceses. 

  As áreas e cidades onde passam os trilhos da ferrovia passam por transformações onde ocorre a elevação do preço da terra. Esses locais se tornam centros de compras. A ferrovia acaba por dar a Mato Grosso do Sul seu lugar na divisão social do trabalho imposta pelo capitalismo. Este se especializou na atividade criatória. Na venda de gado bovino em pé. Desenvolve-se juntamente com essa pecuária a concentração de terra. 

  As áreas mais distantes da ferrovia só serão ocupadas pela pecuária num período mais tarde a partir das décadas de 50 e 60. 

  O sul de Mato Grosso do Sul foi ocupado por duas frentes colonizadoras: uma mais antiga do final do séc. XIX e inicio do séc. XX resultante da vinda do rio-grandenses em busca de terras para a pecuária e, outra feita por paulistas, paranaenses e nordestinos no processo de “frente pioneira”. A “frente pioneira” se caracteriza pelo empreendimento econômico; propriedade privada da terra (concedida como mercadoria e adquirida através da compra); e produção voltada para o mercado. Ela leva a incorporação de novas regiões à economia de mercado. 

  Já a frente de expansão é a terra ocupada pelos posseiros e situada entre o território do fazendeiro e sociedade tribal. Mas nessa terra as relações capitalistas não são imperativas. Só vão se tornar imperativas na “frente pioneira” quando as relações capitalistas avançam sobre as terras dos posseiros ocorrendo conflitos destes com os fazendeiros. As terras dos posseiros acabam sendo requisitadas para se incorporar a economia de mercado. 

  Fatores como a crise do café, agravada em 1929, e a 2 guerra mundial favorecem a expansão da pecuária. Durante a segunda guerra mundial ouve uma busca dos mercados internacionais por carne. Desta forma a “frente pioneira” avança com paulistas e paranaenses com a colonização através de loteamentos tanto particulares como governamentais. Exemplo de governamental é a CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados). O próprio Estado também vende grandes lotes de terras devolutas que são transferidas para fazendeiros pecuaristas de São Paulo e Paraná dando origem a elevada concentração de terras. 

  Os médios e pequenos proprietários exploraram o algodão e em menor interesse o café. Já os grandes proprietários priorizavam a pecuária. 

  Os rio Paraná e seus afluentes surgem com alternativa para territorialização do capital no sul de Mato Grosso do Sul. Os rios substituem assim a função da ferrovia na ocupação. Com avanço da “frente pioneira”, os pequenos portos tornaram-se as principais portas de entrada na ocupação desta região de MS. Os principais produtos transportados nos rios eram a madeira e o gado. A atividade agrícola teve pouca participação. 

  Esses vários pequenos portos que foram surgindo nos rios se tornaram pequenos aglomerados de população. O rio Paraná e seus afluentes tiveram assim grande importância no transporte de entrada e saída de gado. 

  A cria e a engorda do gado eram feitas em regiões diferentes do MS. Surge a necessidade de transporte desse gado. Mas como no sul do MS não haviam estradas de rodagem o transporte era feito a pé e depois embarcados em Portos até chegar em São Paulo. 

  Os portos também foram portas de entrada de mercadoria industrializada já que eram mais rápidas de chegar ao contrario das vias terrestres. Os portos tiveram importância fundamental por permitir a entrada da população na região e também na formação das cidades. 

  A partir da década de 50 com o aprofundamento das relações capitalistas a infraestrutura rodoviária é melhorada com a criação de rodovias. Os portos ficam então cada vez menos utilizados por este motivo e também pela devastação que reduz o tamanho do volume de madeira a ser transportado. A diminuição da exploração madeireira aumenta a pecuária e diminui a densidade demográfica. 

  Nas décadas de 30 e 40 a apropriação de terra no sul de MS era norteado por interesses puramente especulativos pois a terra não produzia estava apenas a espera da super valorização. 

  Desta forma a grande propriedade esta presente como forma de apropriação capitalista da terra. Os primeiros proprietários venderam suas terras após pouca espera por valorização a pecuaristas de São Paulo e Paraná. 

   A ocupação de terras ocorreu durante a expansão da “marcha pioneira” com proprietários de São Paulo e Paraná. 

  Peões e famílias de arrendatários e derrubaram arvores e plantavam capim para preparar a terra para pecuária. Arrendatários podiam também tomar grandes áreas e arrendar em áreas menores a outros arrendatários. Ocorre assim a desvinculação do homem à terra já que sua permanência é temporária. Os trabalhadores vindos de regiões mais “velhas” como o nordeste eram contratados pelos fazendeiros ou empreiteiros e pagavam altos preços pelos produtos vindos das cidades que eram descontados dos seus salários. 

  O movimento do sem-terra surge a partir de 1970. Os camponeses lutam para não serem expropriados. Mas isso vai contra os elementos de sustentação do capitalismo já que se tornando proprietário de terra esse camponês impediria o crescimento do proletariado. Proletariado este indispensável para se impor as relações capitalistas.


  Em MS a luta sem-terra tem inicio no final de 70 e inicio de 80 com o movimento dos arrendatários de Navirai.



Fonte: FABRINI, João Edmilsom. A posse da terra e o sem terra no sul de Mato Grosso do Sul: o caso Itaquiraí. 1995. 186f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente. 

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Breve Painel Etno-Histórico de Mato Grosso do Sul

    Breve Painel Etno-Histórico de Mato Grosso do Sul é um livro de Gilson Rodolfo Martins. O objetivo principal do “Breve Painel Etno-histórico de Mato Grosso do Sul” é apresentar para o público em geral, sobretudo estudantes e professores do ensino médio e fundamental, inclusive de escolas indígenas, um resumo do processo histórico de colonização e povoamento da região, hoje, abrangida pelo Estado, e seus impactos sobre a geografia humana nativa. 
   O trabalho apresenta essa problemática subdividida em capítulos que contemplam separadamente cada etnia estadual considerando as características específicas de cada contexto de relações interétnicas. O texto apresenta ainda uma preocupação em demonstrar as diferentes posturas sociais em relação ao meio ambiente, isto na perspectiva de História Ambiental. No final, são feitas sugestões bibliográficas, elencando as principais obras etnográficas sobre cada povo indígena do Estado, permitindo o aprofundamento dos estudos para quem estiver interessado.

Breve Painel Etno-Histórico de Mato Grosso do Sul

terça-feira, 25 de maio de 2010

A escravidão nos ciclos de cana-de-açúcar

      Desde seu primeiro ciclo no século dezesseis, até hoje, a produção da cana-de-açúcar conserva algumas características marcantes. Subvencionada pelo Estado; exploradora de mão de obra escrava; concentradora de grandes porções de terra; agressora do meio ambiente.
     Apesar da roupagem moderna e ecologicamente correta divulgada pelo marketing da indústria automobilística, é das senzalas do corte de cana de açúcar que mais se libertam trabalhadores em situação de trabalho escravo. Somente de janeiro de 2007 a setembro de 2009, segundo dados da comissão Pastoral da Terra 6855 foram libertados no setor sucroalcooleiro nas operações de fiscalização coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O número representa 48,8 % do universo de 14045 trabalhadores libertados da situação de escravidão no período.
   No setor campeão em casos de trabalhos escravo o Banco Nacional de Desenvolvimento Social tem investido de forma robusta. Somente o ano passado R$ 6,5 bilhões foram repassados para produção, instalação de novas usinas e distribuição do etanol combustível.
     A febre do combustível tem alcançado números recordes. De acordo com os números divulgados pelo Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), no anos de 2008, o Brasil exportou 5,16 bilhões de litros de etanol, de um total de 24,5 bilhões de litros produzidos no ano passado, a maior produção de toda história. Também pela primeira vez, superando em litros o consumo de gasolina.
     Na onda do boom de produção, as pretensões do setor sucroalcooleiro são grandes para o Mato Grosso do Sul. A geografia privilegiada (em planície), a terra vermelha de excelente qualidade, isenções de impostos por parte do Governador André Puccinelli e a mão de obra barata dos indígenas tem atraído investimentos de empresas como Mitsubish, Cargill, Lloyd Dreyfus .
    Assim, até o ano de 2012, está planejada a construção de 51 novas usinas de álcool no estado e -- como  obra do Programa de Aceleração do Crescimento -- a construção de um alcoolduto de 920 quilômetros que ligará Campo Grande até o Porto de Paranaguá para o escoamento do combustível produzido na região Centro-Oeste para exportação.
    Contra o avanço do setor sucroalcooleiro no estado do Mato Grosso do Sul (recebeu este nome em 1977 por sua grande área de densa de mata atlântica e que hoje já não existe), se encontram os mesmos indígenas que trabalham nas usinas e reivindicam ainda hoje seus territórios.
    Segundo o relatório do Conselho Indigenista Missionário, entre os anos de 2006 e 2008, 1100 trabalhadores dos povos Guarani Kaiowá e Terena foram liberados no estado pelo Ministério do Trabalho.
    "O estado demorou muito para efetivar o direito à terra, pelo menos 15 anos. Se tudo fosse cumprido como manda a Constituição de 88, não estaríamos nesta situação. Não teríamos que enfrentar os níveis de suicídio, violência, escravidão no corte de cana ou desnutrição" reconhece a administradora da Fundação Nacional do Índio para Região de Dourados, Margarida Nicoletti, referindo-se ao prazo de cinco anos dado pela Constituição Federal de 1988 ao Estado para que todas as terras indígenas fossem demarcadas no Brasil.
    Em luta pela retomada de suas terras, o povo Guarani Kaiowá, (a maior população de um povo indígena no país) com uma de cerca de 45 mil pessoas segundo a Funasa, tem vivido o que organismo internacionais de defesa dos direitos humanos classificam como etnocídio.
    Sofrendo com graves problemas de subnutrição e suicídio pela falta de espaço para produção de seus alimentos e reprodução de sua cultura, insistem em enfrentar os fazendeiros que hoje surfam na onda do etanol para retornar ao seu território tradicional. Na luta desigual, nos últimos quatro anos, sete lideranças foram executadas por jagunços.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/especiais/especial-bndes/a-escravidao-nos-ciclos-de-cana-de-acucar/view

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Modelo Agrícola Colonial





   O modelo implantado no Brasil no período colonial era fundamentado no trinômio: grande propriedade, monocultura de produtos destinados ao mercado externo e mão-de-obra escrava.
    Nos séculos XVI e XVII a cana de açúcar era o produto predominante.
   O algodão e o fumo destacavam-se como culturas secundarias.


   Outra característica marcante dessa época foi o fato de as terras serem tratadas como “produto descartável”, pois, quando se esgotavam, eram substituídas por outras. Isso ocorria porque a extensão territorial era grande, e as terras eram consideradas recurso inesgotável.
   Ainda no final do período colonial o café foi introduzido no país. Mas foi somente após aindependência que a produção se consolidou na região Sudeste, sobretudo no estado de São Paulo.

Quer saber mais sobre o assunto acesse http://www.culturabrasil.org/brasilcolonia.htm.

domingo, 23 de maio de 2010

Agricultura e a Inserção do Brasil na Economia Mundial

A incorporação do atual território brasileiro na economia-mundo moderna, a partir do século XVI, deu-se basicamente através da agricultura.
 A fundação do novo país, portanto, foi marcada pela exploração da biomassa vegetal (pau-brasil).
 O choque entre a exuberância ecológica de nosso território e a motivação de ganho imediato, típico de uma colônia de exploração, deu origem a um modelo predatório de agricultura que dominou todo o período colonial, permaneceu por todo o período da monarquia, independente e, ainda hoje, apesar das mudanças tecnológicas e diversificação produtiva ocorridas no século XX, continua exercendo forte influencia sobre as mentalidades e as praticas no campo brasileiro.
A primeira forma de exploração foi a madeireira com o pau-brasil.  Em conformidade com sua ação exploratória, Portugal viu na produção do açúcar uma grande possibilidade de ganho comercial.
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Origem da Agricultura: O Trigo

      No Médio começa a se perceber uma planta selvagem que tinha se tornado importante para as pessoas, o trigo. Porem tinham algumas dificuldades, pois a variedade de trigo era muito escarpada e ate o momento, eles não possuíam a capacidade de semear as sementes. Com o tempo surge uma nova variedade de trigo, resultado do cruzamento de um trigo selvagem com um tipo de gramínea. A nova planta que surge trás um bom suprimento e os próprios homens começam a semeá-la, e foi nesse período que a agricultura começou.
      Com o tempo a agricultura se espalha e também se cultiva outras cereais como o milho, arroz e cevada. As pessoas viviam em agrupamentos permanentes, cultivando a terra ao redor por aproximadamente 10 anos, até que o solo se sature, mudando para outra área.

Origem da Agricultura



Para se situar dentro do processo de desenvolvimento da agricultura se faz necessário conhecer, mesmo que de forma breve, a evolução histórica da agricultura.
A definição de agricultura começa a surgir a partir do momento que as pessoas estabeleceram o primeiro assentamento e passaram a cultivar a terra e com isso houve também a alteração do meio ambiente ao seu redor.
A origem da agricultura se deu cerca de 9.000 anos A.C., onde no Oriente médio onde se descobriu que com o trigo, uma planta até então selvagem podia se fazer um alimento, o pão. Essa planta se tornou tão importante que os nômades começaram a fabricar ferramentas para obter o cultivo e a se fixar em aldeias.
As sementes do trigo foram ao longo dos anos se cruzando com outras espécies e melhorando a qualidade dos mesmos, mas em contrapartida havia a necessidade de produzir esses grãos em maior quantidade para o consumo e criar desta forma estoque de suprimento. Com tempo o homem aprendeu a cultivar diferentes espécies de plantas nativas como ervilha, feijão, arroz entre outros.
Então os homens se dedicaram ao plantio e as mulheres nos afazeres domésticos. O caçador ganha novo papel e passa a ser o guardião das aldeias que se dedicam a agricultura, tornando-se o protetor contra a invasão de inimigos. Esse caçador se tornou um importante politico, como um rei por exemplo, que dominava nações e oferecia proteção de seu povo.
Por fim cabe ressaltar que nos primórdios da agricultura e da pecuária, as comunidades produziam apenas para a subsistência.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O campo de estudo da Geografia Agrária

       A agricultura pode ser entendida como atividade econômica na qual um conjunto de decisões tomadas por seres humanos resulta na produção de alimentos e matérias primas, vegetais e animais, destinadas a satisfazer estímulos de consumo gerados por indivíduos ou grupos de indivíduos.
       Através dos gêneros de vida e do complexo geográfico, os geógrafos agrários desenvolveram várias preocupações e linhas de análises e investigações, principalmente a dos tipos de agricultura.
     Desta forma o campo de estudo da geografia agrária é o estudo da atividade espacial agrícola, um entre os diversos sistemas sócio-econômicos.
     O ponto de vista do geógrafo agrário é o espacial e dirigido particularmente para o arranjo e distribuição dos padrões de atividade agro-pecuária bem como para seus processos geradores cuja dinâmica procura analisar e compreender a dimensão espaço-tempo.
     A Geografia Agrária procura principalmente contribuir para o planejamento e desenvolvimento da agricultura mas, em termos de bem estar social e econômico das comunidades rurais.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Objetivos do Blog

    Este blog tem como objetivo principal discutir as questões ligadas à Geografia Agrária. Faz parte do trabalho desenvolvido na disciplina de Geotcnologias. A proposta principal desse blog é identificar algumas das principais atividades da agricultura brasileira dando um enfoque especial a situação do campo em Mato Grosso do Sul. Se quer desta forma extracurricular também complementar o acesso aos temas da Geografia Agrária desenvolvidos em sala de aula, com informações que permitam o aprofundamento destes, complementando os recursos pedagógicos em sala de aula.

   Sendo desta forma o blog, dentro Geografia Agrária, tem os seguintes objetivos:
  • Identificar  as principais características da agricultura Brasileira;
  • Fazer um breve painel de como foi a ocupação agrária no Mato Grosso do Sul;
  • Caracterizar os principais produtos agrícolas do Brasil;
  • Identificar os objetivos da forma produção;
  • Avaliar os impactos sociais com a chamada modernização agrícola;
  • Analisar o Estatuto da terra e qual a função social da mesma;
  • Divulgar as relações de trabalho na zona rural;
  • Entender a diferença da agricultura familiar e a patronal.
         Procuramos  a partir deste meio proporcionar formas para que os leitores do Blog possam através dessa ferramenta ter cada vez mais acesso, a partir das tecnologias de informação, às questões que formam o rural.